Governador: esqueça esta ideia de fazer cartilha que instruirá moradores de favelas sobre como agir durante operações policiais e reduzir os riscos de bala perdida.
Movido pela própria experiência, os moradores sabem como agir. Mas diante de uma operação policial que pode ocorrer de repente e a qualquer hora, não há muito o que fazer. Até porque, entre outras coisas, a topografia e a vulnerabilidade das moradias dificulta a proteção.
Governador: não gaste o dinheiro público com essa cartilha. Trata-se de uma tremenda bobagem, que vai do nada a lugar nenhum. Nem como projeto de marketing vai funcionar. O que o morador precisa é de respeito e investimentos sociais.
O que funciona, governador, não é combater a violência com mais violência, como se isso fosse assustar a bandidagem, e sim, uma política de segurança que respeite os direitos humanos. E uma polícia bem treinada, tanto do ponto de vista operacional quanto psicológico. Evidentemente, que para isso ocorrer é preciso que o senhor mude seu discurso de incentivo à letalidade policial.
Só este ano - antes da morte de Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos, na última sexta-feira, mais uma vítima de bala perdida - outras quatro crianças foram mortas pelo mesmo motivo. Vivemos numa era de alta tecnologia, mas algumas questões não progridem. Retroalimentam-se. Entre elas está o combate à violência urbana. Os discursos, os projetos, as iniciativas no campo prisional, além do trabalho da polícia, tudo isso está obsoleto.
Governador: durante uma entrevista coletiva, o senhor afirmou “que o Rio está no caminho certo e que a tragédia ( referindo ao caso da menina Ágatha) foi um caso isolado”. Foi não, governador. E o Rio não está no caminho certo na questão da segurança pública. A rigor, em nada. A situação do Estado, vista por qualquer ângulo de análise, é uma prova disso.
Com todo respeito: já que o senhor falou em caminho, só há um caminho a seguir. Mudança de método
Creia nisso, governador!