Durante uma confusão em torno do estádio Nilton Santos (o Engenhão), Zona Norte do Rio, por ocasião do jogo entre Botafogo e Flamengo, em 12 de fevereiro último, um torcedor alvinegro, Diego Silva dos Santos, 28 anos, foi agredido com um espeto de churrasco. Teve o olho perfurado e, embora tenha sido levado para o hospital, não resistiu ao ferimento e morreu.
O que dizer de um cidadão que sai de casa para assistir a um jogo de futebol e acaba matando um semelhante? Brigas de torcida e mortes de torcedores ocorrem com uma frequência cada vez mais preocupante.
No universo do nosso futebol algumas questões contribuem para o clima de beligerância entre torcedores. Mas não quero analisar as questões que contribuem para a violência entre as torcidas de futebol. Deixo isso para os repórteres esportivos.
A violência urbana que atinge todo o país é fruto de uma política social cada vez mais injusta, preconceituosa, desumanizante e hipócrita.
Robôs desgovernados - Todo investimento direcionado para o povão é demonizado pela elite e políticos de direita de populismo, expressão muito usada no período de Leonel Brizola ( 1922-2004) como governador do Rio de Janeiro. A construção dos CIEPS Centros Integrados de Educação Pública, popularmente apelidados de Brizolões - revolucionário projeto educacional para a clase pobre foi criticado de várias formas. Aos poucos foi sendo esvaziado pelos governos que sucederam Brizola. Hoje são apenas uma lembrança.
As classes menos favorecidas convivem com problemas de toda ordem e muitas localidades são praticamente esquecidas pelo governo. Não há transporte, hospital, saneamento básico e segurança.
Num país cada vez mais injusto socialmente, com um presidente que assumiu o poder após um golpe sem armas, que não tem naturalmente nenhum respaldo popular, todos os problemas se agravam, a violência cresce. Jovens sem perpectivas de trabalho, sem esperança de melhorar de vida, optam pelo caminho do tráfico de drogas, do assalto à mão armada, dos arrastões na praia e nos ônibus. Bando de alienados, robôs desgovernados.
A violência não se manifesta apenas nas ruas. Mas também nos bastidores da nossa política, nos gabinetes, nos luxuosos restaurantes, locais onde são engendrados projetos contra o povão.
A situação que o Rio de Janeiro vive hoje resume o nosso país, que está doente. O povo sofre as agruras de um sistema político oligárquico e desumanizante.
Até a próxima quinta-feira
Ziriguidum, ziriguidum