Há coisas que só acontecem ao Botafogo. A frase é conhecida no mundo do futebol. Pode ser adaptada para o Rio de Janeiro. Senão, vejamos: há algum tempo um cidadão foi assaltado. Ao se encaminhar para a delegacia foi assaltado de novo; durante um velório, o morto foi atingido por uma bala perdida; o ator Older Cazarré, 57 anos, também foi vítima de uma bala perdida, que o atingiu quando estava dormindo em seu apartamento, no bairo de Copacabana, Zona Sul do Rio; o casal resolve ir a um circo. Sentado na arquibancada, alegre e descontraído ao lado da sua amante, o cidadão foi atingido por uma bala perdida. O tiro partiu de um morro próximo ao circo.
Na última sexta-feira ocorreu o enterro de Bruna Lace de Freitas, 21 anos, no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio. Bruna foi mais uma das inúmeras vítimas de bala perdida. Foi atingida dentro da sua casa, na frente da sua filha de 2 anos, no bairro Engenho da Rainha, também localizado na Zona Norte do Rio. Evangélica, morava na favela e, com medo dos tiroteios, intensos e praticamente diários, resolveu mudar para o “asfalto”, em busca de mais segurança.
Assim como Bruna, Kátia Hamed Garcia deixou o bairro Adriana, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, com o objetivo de fugir da violência e foi para Copacabana, Zona Sul da cidade, onde foi baleada por assaltantes quando saía das Lojas Americanas. Levada para o hospital Miguel Couto na Gávea, Zona Sul do Rio, foi operada e, na última sexta-feira seu quadro de saúde era estável.
De acordo com o fato em tela, a bandidagem ataca em todos os locais e de várias formas, tanto nos bairros mais pobres, quanto nos mais ricos. Na verdade, todos sofrem com a violência. Independe de classe social.
Mais repressão e polícia, só polícia, não vai resolver a questão que, a cada ano que passa fica pior. Evidentemente, não há solução fácil, como alguns advogam, achando por exemplo, que a pena de morte é a solução para o problema.
Uma sugestão para nossas autoridades: um bom caminho seria passar das promessas para a ação, ou seja: respeitar os moradores das favelas e realizar investimentos sociais dignos de nota, que posam de fato mudar a vida das pessoas.
Em tempo: Parabéns pela vitória, senador Marcelo Crivella. Boa sorte no novo cargo!